quarta-feira, 16 de maio de 2012

AUGUSTO SEVERO E O 12 DE MAIO

Na humilde escola onde aprendi as primeiras letras, sob a batuta daquela inesquecível professorinha, a criançada costumava entoar nos momentos de patriotismo, um hino hoje conhecido por poucos: “Foi a 12 de maio lá na França, era puro e sereno azul do céu...”. E mais adiante o estribilho: “Auriverde pavilhão e a popa do balão!. Auriverde pavilhão e a popa do balão!”.

Outros tempos. Época em que independente de ideologismos políticos, também aprendíamos orgulhosamente, o Hino Nacional, o Hino da Bandeira, o Hino da Independência.

O 12 de maio aludia à memória do potiguar de Macaíba, Augusto Severo de Albuquerque Maranhão nascido em 1864 e morto em acidente nesse dia em Paris no ano de 1902. Augusto Severo, de família prolífica e tradicional do nosso estado, foi um misto de comerciante, inventor, político, jornalista e aeronauta.

Entusiasta da arte de voar, numa época carente de materiais adequados para a navegação aérea, Severo idealizou alguns balões que na época eram conhecidos pela expressão eufemística “aeróstatos dirigíveis”. Primeiro, foi o dirigível Bartholomeu de Gusmão, uma homenagem ao inventor que apresentou um projeto de um balão de ar quente à corte portuguesa.

Cada projeto daquela época apresentava um detalhe experimental: rigidez do aparelho, força propulsiva, resistência às rotações, disposição das hélices e do leme. Era um campo amplo para experimentações que desafiavam a mente sonhadora do inventor potiguar, detentor de inúmeras patentes envolvendo motores e máquinas a vapor, muitas delas desenvolvidas com recursos próprios.

Naquela manhã de segunda-feira, 12 de maio de 1902, há exatos 110 anos, Severo e seu mecânico Sachet a bordo do seu dirigível com a destacada inscrição “PAX – Brasil”, partiram confiantes para um fatídico voo que não teve volta. Entre a plateia que assistiu à ascensão, explosão e queda do balão estavam a esposa de Severo e Santos Dumont, o futuro “Pai da Aviação”.

O voo começou às 5h30min. Atingiu aproximadamente 400 metros, um pouco mais alto que a Torre Eiffel (324m) que já existia. Após algumas evoluções que duraram cerca de 10 minutos, ouviu-se uma grande explosão. Severo e Sachet morreram instantaneamente e os destroços do balão caíram na Rue du Maine, cerca de 2 quilômetros a sudeste da Eiffel.

Augusto Severo morreu com o mesmo sonho do personagem mitológico Ícaro, mas, as suas ideias e concepções aplicadas aos dirigíveis foram muito utilizadas por pesquisadores. Este grande vulto bem merece o orgulho de todos os potiguares, particularmente dos nascidos em Macaíba. Aliás, esta cidade é berço de incontáveis personagens que imortalizaram a história social e política do Rio Grande do Norte.

Ailton Salviano – Geólogo e Jornalista

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