Eduardo Bresciani, de O Estado
de S. Paulo
O ditado popular diz que o ano só começa depois do
carnaval, mas no Congresso a folga é ainda mais longa. Enquanto a maioria dos trabalhadores
brasileiros retornou às suas atividades nessa quarta-feira, 13, Quarta-Feira de
Cinzas, os parlamentares terão ainda mais alguns dias de folia antes de voltar
ao ofício. Câmara e Senado só têm votações previstas para a semana que vem. Até
os novos presidentes das Casas, os peemedebistas Henrique Eduardo Alves (RN) e
Renan Calheiros (AL), aproveitaram para esticar o feriado.
Não houve nem sequer sessão na Câmara na tarde de
ontem. O deputado Izalci (PSDB-DF) era o único presente em plenário no início
da tarde, às 14h, quando geralmente são abertos os debates. Ficou por cerca de
15 minutos e só então ficou sabendo que nem sequer havia convocação da sessão.
Até as 18h, somente cinco dos 513 deputados tinham registrado presença. No
Senado a sessão ocorreu, mas só para debates. Durante duas horas, apenas quatro
parlamentares se revezaram em discursos na tribuna.
Como não houve votação, nenhum deputado ou senador
terá desconto em seu contracheque de R$ 26,7 mil pelas faltas nessas primeiras
três semanas do mês. A imagem do plenário deserto que se repetiu ontem foi
mencionada por Henrique Eduardo Alves em seu discurso como candidato a
presidente da Câmara. "Quantas vezes eu vi uma foto que se tirava dali,
mostrando o plenário vazio, uma cabeça sentada aí, o corpo erguido aqui e o
plenário vazio. Era uma segunda-feira ou uma sexta-feira. Era a imagem de que
deputado não trabalhava. Injusta! Inaceitável! E os senhores sabem o trabalho
que têm e que eu tenho nos finais de semana nas comunidades, nos sindicatos,
nos municípios", disse ele na ocasião. Nessa quarta, a assessoria de Alves
informou que o deputado está no exterior com a família e só retorna
segunda-feira. Renan Calheiros (PMDB-AL), por sua vez, faz turismo no Rio
Grande do Sul até o fim de semana.
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