quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Cachico irá encerrar carreira de 40 anos como comerciante em Macaíba

Por Rômulo Estânrley

O comerciante Francisco Arruda de Lima Filho, de 72 anos, anuncia que irá encerrar suas atividades em 2012, após 40 anos dedicados ao ramo empresarial lojista em Macaíba.

Proprietário da Comercial Arruda, que negocia com artigos de roupas e confecções, localizada na Travessa Afonso Saraiva, número 23 (ao lado da praça Augusto Severo, no centro da cidade), Cachico, conforme é popularmente conhecido, justifica que a decisão foi motivada pela idade e por questões que envolvem seu estado de saúde. Seus filhos não pretendem dar seqüência ao seu ofício, por conta de exercerem outras atividades profissionais.

O curioso é que, com todo o seu histórico de comerciante, que contribui com o desenvolvimento local, através do pagamento de impostos e outros benefícios, a Câmara Municipal de Macaíba até hoje não outorgou para Cachico o Título de Cidadão Macaibense (atenção, vereadores!).

Natural de Santana do Matos/RN, ele nasceu no dia 6 de fevereiro de 1939. É o terceiro de onze filhos do agricultor Francisco Arruda de Lima e da doméstica Ana Rodrigues de Arruda, falecidos em 1995 e 2002, respectivamente. Cachico e seus familiares moravam em Mato Grande, distrito do município de Parazinho/RN, onde se criou até os 14 anos de idade. Foi lá que ele iniciou seus estudos.

Depois, mudou-se para Parnamirim. Aos 15 anos, foi para Recife em busca de trabalho. Conseguiu um emprego como balconista de uma padaria e, mais tarde, foi contratado para trabalhar numa oficina mecânica de elevadores chamada “Atlas”, empresa que prestava serviços de manutenção na área.

De 1955 a 1959, cursou o primário. Mas só. Não pôde seguir adiante devido às dificuldades de conciliar as atividades profissionais com os estudos. Após essa fase de sua vida, retornou para o RN e passou a morar no município de Riachuelo até o ano de 1962, atuando nos ramos da agricultura e, mais tarde, do comércio, ao abrir uma mercearia e negociar, também, com jóias, que mais tarde foi convertida em loja de tecidos.

Foi em Riachuelo que Cachico conheceu, namorou e casou com Maria José Arruda. Aliás, as bodas de ouro do casal foram festejadas este ano, no último dia 24 de outubro. Dessa união amorosa, foram gerados quatro filhos: Grimaldi, Gricélia, Geovane e Gerlane. “Eu ainda criei mais seis filhos adotivos: dois netos e quatro sobrinhos, até eles se casarem”, falou.

A vinda para Macaíba se deu no dia 16 de junho de 1971. O curioso é que Cachico tem uma memória bastante precisa para datas. Ele afirma com exatidão que, dos 40 anos em que trabalha no comércio local, 35 destes são no mesmo prédio. “No próximo dia 26 de novembro, vai completar 35 anos que estou neste mesmo ponto”, vangloria-se.

Paralelo às atividades de comerciante, Cachico também atuou como desportista. Foi diretor social e conselheiro do Alecrim Futebol Clube, de 1986 a 1992, e conselheiro do Cruzeiro F.C., nas gestões de Chagas Souza e Francisco das Chagas Palhares, nas décadas de 1970 e 1980.

Indagado de como percebe o comércio macaibense, analisa que ficou muito concorrido e agressivo. “As pessoas antigas no ramo enfraqueceram, enquanto que os mais novos vieram com mais gás”, diz.

Ao fazer um balanço de sua vida, sob a ótica da economia brasileira, Cachico relembra que no início da Ditadura Militar houve um melhoramento na vida das pessoas, mas que depois deu lugar as sucessivas crises, inflação alta e trocas sucessivas de moedas, após a reabertura política. “Cheguei a pagar tributos indevidos ao governo. Depois, consegui levar a vida, como ela é. Muita gente perdeu. Mesmo assim, cheguei a dar a volta por cima”, relatou.

Sobre a cidade que lhe acolheu, enaltece o povo macaibense, a quem classifica de “hospitaleiro” e “bom”. “Vivo do calor e da alegria desse povo, que me acatou como comerciante”, mencionou a frase, mesmo não sendo considerado por muitos um forasteiro, tendo em vista a cidadania conquistada ao longo de quatro décadas.

Finaliza a entrevista, deixando uma mensagem para os homens públicos que pretendem atuar ou que já atuam na chamada cidade Pisa-na-Fulô. “Espero que a cidade melhore. Se os políticos quiserem, Macaíba poderá se tornar uma flor”.

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