Quem me conhece sabe que sou um otimista
“juramentado”, sempre procurando ver o lado bom das coisas em tudo, aplicando a
lei do contente e seguindo a vida com renovada alegria e entusiasmo.
Apesar de incorporar tal modus vivendi por tanto
tempo, confesso que ultimamente ando sofrendo ataques contínuos do vírus do
desânimo, percebendo que várias coisas em que acreditava piamente, já não
correspondem mais a tanta confiança depositada e, pouco a pouco, começo a
pensar que ainda vamos demorar muito tempo para evoluir um pouco mais e nos
livrar de problemas que nos afligem na atualidade.
Vejamos o Partido dos Trabalhadores do qual fui um
entusiasmado componente, tendo comparecido a uma das sessões de instalação do
mesmo em Natal, num começo cheio de sonhos e de bons pensamentos, que foi indo,
indo, conseguindo lentamente canalizar todo um sentimento de revolta de
diversos segmentos sociais, que admiravam as posições do partido com relação
aos fatos que se apresentavam.
O PT chegou ao poder e no exercício do mesmo foi
mudando, sendo hoje um partido igual aos que antes combatia, tendo até formado
aliança e casado com velhas raposas da política nacional, sabidamente
portadoras de políticas pessoais e de interesse familiar e corporativista, não
representando hoje o que continuamos precisando e com comportamento dúbio,
retrógrado, canalha e, defensor de corruptos e de marginais de paletó e
gravata.
As tão importantes autocríticas que as esquerdas
deviam estar sempre realizando, não encontram espaço e o PT segue seu caminho
de distanciamento, não tendo um dia sequer em que possa ouvir de algum
ex-petista como eu, críticas severas e múltiplas decepções com os rumos da
política nacional. Quando vejo alguém defendendo na mídia, me parece ser sempre
um “fake”, aqueles perfis falsos, criados justamente para enganar os incautos.
O PT hoje é isso, um “fake”, tão falso quanto uma cueca do Paraguai.
E fora do PT parece não haver tábua de salvação.
Confesso simpatia pelo senador Radolfe Rodrigues, gosto de Marina da Silva e um
ou outro inspiram um pouco mais de confiança, mas, o que está no ar, de fato, é
uma grande energia negativa quanto a política brasileira, com prefeitos,
vereadores, deputados, senadores, e ministros quase que totalmente corruptos,
ministros de tribunais, assessores, cargos de confiança, parece que o mundo vai
acabar e todo mundo quer tirar o seu, um horror de roubalheira sem fim.
Além da energia negativa do mundo político
circulando e nos roubando a esperança, vem o baixo-astral da insegurança, da
saúde na UTI, engarrafamentos, educação sem investimentos, o povo em filas e
mais filas mendigando exames, boletins de ocorrência, vagas no mercado de
trabalho, enquanto a classe política com apenas um ou dois meses de trabalho
efetivo após uma eleição, já roda em carros que mais parecem aviões, viajam
para o exterior, comem nos melhores restaurantes, empregam toda a família e, ao
encontrar com qualquer um de nós, o sorrisão de ponta a ponta, dá uma tapinha
nas costas e diz na maior cara de pau: - amigo, precisando pode contar comigo.
O danado é que quando realmente precisamos, nunca
conseguimos o acesso e ficamos nos cafezinhos da ante sala e nas secretárias
muito bem pagas com suas agendas sempre lotadas.
O PT se corrompeu, trata tudo que tratava antes
como anormal, como normal, acha que para governar precisa fechar os olhos e
entregar o Brasil para os antigos desafetos e, assim, enterra nossa esperança,
enquanto eles vão sobrevivendo em seus cargos e luxos.
A única coisa que interessa a esse povo é continuar
lá eternamente, o resto que se exploda e, os avanços e conquistas sociais
obtidas no passado, vão se diluindo e se perdendo neste mar de corrupção e de
malandragem, chegando ao ponto de ser mais fácil encontrar um torcendo do Bangu
no Rio, do que um antigo petista ainda petista.
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