Chargista faleceu no
último dia 18, no Hospital Walfredo Gurgel
|
Vivendo num Estado que não valoriza seus talentos,
o chargista Antônio Amâncio de Oliveira Filho garantiu seu espaço e deu lição
de perseverança para muitos jovens artistas, superando barreiras no restrito
mercado editorial norte-rio-grandense.
Seu falecimento, ocorrido no último dia 18, no
Hospital Walfredo Gurgel, representa uma perda irreparável para o meio
jornalístico e artístico potiguar. Amâncio sofrera um acidente automobilístico,
no último dia 14, na BR-406, quando viajava Macau/RN, sua terra natal, para
gozar férias. Ele havia se submetido a duas cirurgias (na coluna e na perna)
após o acidente. E, como seu quadro não evoluiu, faleceu em decorrência de uma
parada respiratória.
Amâncio descobriu que levava jeito para o desenho
aos 7 anos de idade, copiando os super-heróis das revistas em quadrinhos da
Marvel Comics, editora norte-americana que publica o Homem-Aranha, Hulk, X-Men,
Vingadores, Thor, Capitão América, entre outros.
Quanto à charge, descobriu sua vocação quando
passou a morar em Natal, em 1995. Na ocasião, o jornalista Paulo Augusto
ministrava a Oficina de Jornalismo Genival Rabelo, na Casa do Estudante.
Amâncio se identificou logo de imediato com o tema linguagem visual.
Naquela época, os estudantes elaboraram o
Informativo da CERN (Casa do Estudante do RN), que, segundo o chargista, durou
cerca de dez edições. Amâncio era o responsável pelas charges do jornal. Logo
depois, passou a ilustrar a coluna “Balão de Ensaio” para o extinto Jornal de
Natal. “Ele (Paulo Augusto) me enviava o texto e eu bolava a charge”, contou
Amâncio em entrevista para o PN, em novembro de 2006.
Em 1999, a convite do então editor Cefas Carvalho,
o chargista passou a publicar seus trabalhos no Jornal de Natal.
Simultaneamente, também era profissional free-lancer de várias publicações
classistas.
Amâncio participou de congressos políticos e
realizou exposições no Sesc, Café São Luiz e na Assembléia Legislativa, em que
teve a oportunidade de desenhar caricaturas em aquarela de todos os deputados
estaduais. “Vendi todos”, falou orgulhoso.
Casado com Rosemeire Ferreira e pai de duas filhas
– uma de 13 e outra de 4 anos –, o artista confessava que não era fácil
sustentar sua família com dinheiro advindo da sua arte. “O cara sobrevive, na
verdade”, disse, filosofando que no RN a charge ainda não alcançou seu valor,
ao contrário do Sul do país. “Não se trata de dinheiro, mas de valor
jornalístico. A charge, às vezes, fala mais do que um texto”.
Amâncio atribuía esse empecilho à questão cultural,
pois os talentos da terra não são valorizados como deveriam. É tanto, que já
participara de vários eventos culturais fora do Estado, como os Salão
Internacional de Humor de Caratinga/MG (2004-2009), em que foi agraciado com
uma menção honrosa; Volta Redonda/RJ, Paraguaçu Paulista (2005) e Ribeirão
Preto (2009).
Também ilustrou para publicações de circulação
nacional, como o Pasquim 21, Veja, Caros Amigos, Revista da Semana, Editora
Moderna, Editora Saraiva, FTD, revista Papangu e outras.
Após o Jornal de Natal, o chargista substituiu o
saudoso Edmar Viana (criador do Cartão Amarelo) na Tribuna do Norte. E, após
sair do veículo de comunicação fundado por Aluísio Alves, foi contratado para o
Jornal de Hoje, onde divulgou suas últimas produções.
Texto escrito pelo repórter e chargista Rômulo Estânrley
Texto escrito pelo repórter e chargista Rômulo Estânrley
Nenhum comentário:
Postar um comentário