sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Morte de Amâncio deixa imprensa potiguar de luto

Chargista faleceu no último dia 18, no Hospital Walfredo Gurgel
Vivendo num Estado que não valoriza seus talentos, o chargista Antônio Amâncio de Oliveira Filho garantiu seu espaço e deu lição de perseverança para muitos jovens artistas, superando barreiras no restrito mercado editorial norte-rio-grandense.

Seu falecimento, ocorrido no último dia 18, no Hospital Walfredo Gurgel, representa uma perda irreparável para o meio jornalístico e artístico potiguar. Amâncio sofrera um acidente automobilístico, no último dia 14, na BR-406, quando viajava Macau/RN, sua terra natal, para gozar férias. Ele havia se submetido a duas cirurgias (na coluna e na perna) após o acidente. E, como seu quadro não evoluiu, faleceu em decorrência de uma parada respiratória.

Amâncio descobriu que levava jeito para o desenho aos 7 anos de idade, copiando os super-heróis das revistas em quadrinhos da Marvel Comics, editora norte-americana que publica o Homem-Aranha, Hulk, X-Men, Vingadores, Thor, Capitão América, entre outros.

Quanto à charge, descobriu sua vocação quando passou a morar em Natal, em 1995. Na ocasião, o jornalista Paulo Augusto ministrava a Oficina de Jornalismo Genival Rabelo, na Casa do Estudante. Amâncio se identificou logo de imediato com o tema linguagem visual.

Naquela época, os estudantes elaboraram o Informativo da CERN (Casa do Estudante do RN), que, segundo o chargista, durou cerca de dez edições. Amâncio era o responsável pelas charges do jornal. Logo depois, passou a ilustrar a coluna “Balão de Ensaio” para o extinto Jornal de Natal. “Ele (Paulo Augusto) me enviava o texto e eu bolava a charge”, contou Amâncio em entrevista para o PN, em novembro de 2006.

Em 1999, a convite do então editor Cefas Carvalho, o chargista passou a publicar seus trabalhos no Jornal de Natal. Simultaneamente, também era profissional free-lancer de várias publicações classistas.

Amâncio participou de congressos políticos e realizou exposições no Sesc, Café São Luiz e na Assembléia Legislativa, em que teve a oportunidade de desenhar caricaturas em aquarela de todos os deputados estaduais. “Vendi todos”, falou orgulhoso.

Casado com Rosemeire Ferreira e pai de duas filhas – uma de 13 e outra de 4 anos –, o artista confessava que não era fácil sustentar sua família com dinheiro advindo da sua arte. “O cara sobrevive, na verdade”, disse, filosofando que no RN a charge ainda não alcançou seu valor, ao contrário do Sul do país. “Não se trata de dinheiro, mas de valor jornalístico. A charge, às vezes, fala mais do que um texto”.

Amâncio atribuía esse empecilho à questão cultural, pois os talentos da terra não são valorizados como deveriam. É tanto, que já participara de vários eventos culturais fora do Estado, como os Salão Internacional de Humor de Caratinga/MG (2004-2009), em que foi agraciado com uma menção honrosa; Volta Redonda/RJ, Paraguaçu Paulista (2005) e Ribeirão Preto (2009).

Também ilustrou para publicações de circulação nacional, como o Pasquim 21, Veja, Caros Amigos, Revista da Semana, Editora Moderna, Editora Saraiva, FTD, revista Papangu e outras.

Após o Jornal de Natal, o chargista substituiu o saudoso Edmar Viana (criador do Cartão Amarelo) na Tribuna do Norte. E, após sair do veículo de comunicação fundado por Aluísio Alves, foi contratado para o Jornal de Hoje, onde divulgou suas últimas produções.

Texto escrito pelo repórter e chargista Rômulo Estânrley 
www.redeconrn.com.br

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