Professor Herculano Ricardo
Campos abre evento
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Um grupo de estudantes da UFRN ligado
ao Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes decidiu ocupar no último dia 15
um banheiro masculino localizado no bloco G, Setor II de Aulas, provocando
reações diversas tanto no âmbito universitário, quanto fora dela.
Para oportunizar uma melhor compreensão
dos motivos que levaram o grupo de estudantes a efetivar o ato de ocupação e,
abrir espaços para vozes discordantes e/ou concordantes, o diretor do CCHLA,
professor Herculano Ricardo Campos, convidou representantes do Coletivo, do
Núcleo Tirésias - que discute questões de gênero no âmbito da UFRN, o Cruor
Arte Contemporânea e o editor do site Carta Potiguar, Daniel Menezes para um
diálogo sobre o tema. A mesa contou ainda com a presença do professor de
comunicação Emanoel Barreto.
A iniciativa do professor Herculano foi
elogiada por todos e o evento revelou o lado das ocupantes, defendido pelas
estudantes Jéssica Emanuelle e Louise Branco, que afirmaram ser a ocupação uma
reação a atos praticados pelo que chamaram de heterossexuais brancos, que
segundo elas, praticam intimidações machistas que incomodam pessoas com
direcionamentos sexuais fora dos padrões até então tidos como convencionais.
Durante suas falas, réplicas e
tréplicas, não definiram uma data para uma eventual retirada, mas, deixaram
claro que a ocupação pode não ser para sempre, convidando o professor Herculano
e todos os presentes para novas conversas no local ou em qualquer outro,
deixando claro certo incômodo em discutir o assunto num local fechado e com as
formalidades burocráticas normais em eventos em geral.
O diretor do CCHLA ressaltou a
importância do diálogo, da audição das diferenças, da necessidade do reforço do
exercício político da construção das soluções, mas, não revelou nenhuma
intenção por parte do Centro que dirige e nem da reitora da UFRN de utilização
de força para retirada dos ocupantes do espaço público.
Os demais participantes, Berenice
Bento, Nara Graça Salles e Daniel Menezes, cada qual a seu modo, analisaram a
situação, alternando momentos de apoio e de colocações sobre pontos
questionáveis, como a dificuldade de alguns da aceitação do contraditório e do
perigo da criação de um “gueto”, tornando o evento dinâmico e participativo em
alguns instantes, principalmente devido a fala do Menezes, que causou revolta
em alguns ocupantes e simpatizantes da ocupação, chegando ao ponto da troca de
agressões verbais que giravam em torno de questões conceituais ou motivadas por
posts publicados no site Carta Capital.
O professor Emanoel Barreto participou
convidando os ocupantes do banheiro para um programa sem censura na TVU e a
mesa redonda “Universidade, Gênero e Movimentos Sociais” terminou com um saldo
positivo no aspecto democrático e, o eco de afirmações que partiram das duas
representantes da ocupação como a de que o acesso ao banheiro era realmente
relativo; que ele podia ocorrer com algumas pessoas não para higiene pessoal e
sim para interação com os presentes e que lá é uma zona autônoma temporária.
A professora Berenice Bento fechou
afirmando para um auditório lotado que todos estavam ali construindo a
Universidade que ela tanto sonha.
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