Caro
leitor, a utopia de querer que aquela cidade fosse minha acabou. Nem que
mandasse ladrilhar e me entregassem por inteira eu não queria nunca mais e
relutaria para sempre. Aquela cidade que eu nasci e dei meus primeiros passos,
fiz minhas primeiras e sinceras amizades, os primeiros romances, foi soterrada
em algum lugar da galáxia. Ela não é, definitivamente, a Macaíba que foi minha.
Está
cidade berço de tantos imortais da história, da cultura e política Papagerimum,
choram copiosamente lá do céu pela situação estabelecida na terra do Solara
Ferreiro Torto.
Caro
leitor, quando eu ambicionava que esta cidade fosse minha realizava uma viagem
em minha imaginação, que me levava até a zona rural deste município, nos
torrões da comunidade rural de Capoeiras, local que tenho o orgulho de
pertencer.
Por
lá, caro leitor, a vida era simples, pacata, porém feliz. Naquele lugar,
dezenas e dezenas de jovens adolescentes conviviam harmoniosamente, discussões,
só sobre futebol. Quando a noite chegava todos nos reuníamos na sede do Bangú e
a pauta era sempre a mesma: futebol e meninas. A madrugada raiava, mas como
tudo era passivo não existia o perigo de retorno a casa. Hoje cada um seguiu
seu rumo, mas é sempre gratificante quando nos reencontramos.
Caro
leitor, é verdade, por lá existia ladrão e polícia. Uma turma fazia o
policiamento a outra seria o desonesto, nessa brincadeira percorríamos toda
comunidade e sempre a noite, no entanto, tudo acabava em sorrisos e retorno
para o sono noturno nosso de cada dia.
Essa
realidade da zona rural de Macaíba e condizente com “A CIDADE QUE NINGUÉM
INVENTOU”, do nobre jornalista Osair Vasconcelos. Por esta cidade que um dia
foi Macaíba, Osair conta que os jovens podiam andar por seus becos e vielas
tranquilos, e quando chegava o anoitecer a Praça Augusto Severo e outras tantas
eram repletos de enamorados casais, jovens, adolescentes, adultos com suas
esposas e filhos, muitas vezes apreciando a lua cheia que surgia reluzente na
margem do rio Jundiaí.
Tanto
na zona rural como urbana, enquanto as crianças e adolescentes brincavam
defronte de casa de bola, carrinho, bandeirinha, boneca, to – no – poço, os
pais junto com vizinhos proseavam em suas cadeiras de balanço sobre, futebol,
política e coisas banais.
Caro
leitor, quando a garotada frequentava um baile, a disputa era saber quem
conseguiria beijar uma garota, enquanto isso, nossos pais se esbaldavam no
autêntico forró, tudo isso, regado a muita animação, respeito, e paz,
independentemente das festas, até no carnaval o serenidade reinava.
E
agora caro leitor, o que fizeram com esta cidade que um dia eu queria só para
mim? O que fizeram de ti Macaíba?
Cadê
os casais de enamorados observando a lua na mais singela troca de carinhos e
afetos, as crianças brincando na rua, jogando bola, construindo casinhas de
bonecas e seus pais conversando na varada de suas residências?
Caro
leitor, e os jovens tanto do interior como da cidade, por que eles já não se
reúnem mais para falar de suas paqueras e revoltas pelo não levado da garota
amada? Onde está minha ex-Macaíba? essa atual eu não quero, eu reluto, me
resigno, abandono.
Como
é difícil hoje acorda e saber que esta Macaíba que foi minha, agora é só
lembrança de um passado que não volta mais. Aquela cidade pacífica, simples
virou literalmente pó com o passar do tempo, espumas que se esvai no vento.
Por
que mudaram? Eu iria ladrilhar para sempre de paz e harmonia.
Caro
leitor, atualmente as praças estão vazias, os românticos já não frequentam
mais, além disso, já não existi crianças brincando na rua, as casas, todas, sem
exceções viraram cárceres, e os senhores já não sentam na calçada. As festas já
não são as mesmas e as disputas dos jovens não é mais por garotas.
Dizem
que, a garotada nesta Macaíba de agora, que desconheço, disputam territórios,
bocas! pontos, venda de uma substância chamada drogas. Eu não sei que bicho é
esse, lá na minha Capoeiras de meu tempo, ninguém nunca ao menos ouviu falar,
como também na Macaíba de antes. Porém, recebi a triste notícia de que lá por
Capoeiras essa coisa também chegou.
E
hoje caro leitor, essa cidade que surgiu é violenta, os jovens morrem
repentinamente, ninguém tem liberdade, o povo vive um ostracismo social, cada
um no seu quadrado. O medo, o desencanto toma conta, impera, a juventude deste
local está morrendo cruelmente, e toda semana uma família sofre
contundentemente a dor da despedida eterna de um ente seu.
E
toda semana, caro leitor, é mais um que vai para o juízo final, tanto faz ser
garotos ou garotas, jovens ou não, ninguém está livre nesta Macaíba contaminada
de violência de ponta – a – ponta.
Tantos
com chances de um futuro brilhante foram condenados por uma justiça paralela e
fatal. As pessoas andam assustadas, o trabalhador, o estudante, o político e
até os bêbados que foram vítimas letais. Na minha Macaíba eles só serviam para
nos divertir.
É
caro leitor, por mais que me contem eu não consigo acreditar que está cidade
foi a Macaíba de antes, de um passado glorioso e de pessoa honrosas. Hoje é
doloroso ver, toda semana o solo fértil deste lugar manchado de sangue humano.
Deveria pintar sua bandeira de vermelho.
Estabeleceu-se
a lei da selva, o salve-se quem puder. E assim, a Macaíba de hoje nem de longe
é a Pisa na Fulô dos tempos áureos.
Eu
queria que aquela cidade fosse minha. Já foi, não quero mais. Ela é um vazio
gigante, um deserto, uma saudade sufocante que ao lembra – lá me sinto mal.
Lastimável. A cidade de Macaíba que não quero mais. Caro leitor, teria como
reconstruir aquela Macaíba registrada nas fotos empoeiradas existentes no meu
álbum? Essa que está ai violenta eu não quero jamais.
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