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Para Jeane Bezerril -
Cumprindo um dia de trabalho no Centro de Ciências Humanas,
Letras e Artes da UFRN, onde contribuo com minhas atividades jornalísticas,
vejo mais uma vez uma jovem pregando cartazes nos espaços reservados para
divulgação de atividades acadêmicas e culturais.
Ela é vista exercendo seu ofício de pregadora de cartazes
culturais em todos os cantos e recantos da cidade. Praticamente a totalidade
dos artistas, de todas as áreas, produtores culturais e empreendedores deste
setor, conhecem a figura de Jeane Bezerril.
Sempre sorridente, com uma mochila nas costas contendo a matéria
prima para o perfeito desempenho do ofício que elegeu para sua vida, trabalha
os três expedientes e, posso garantir, sabe como ninguém onde tem mural, como
melhor fixar o cartaz e, respeita os lugares proibidos para seus impressos.
Jeane é o tipo de pessoa que deve ser reconhecida e ser
homenageada nestes muitos eventos culturais, recebendo por sua labuta diária,
um troféu, um diploma, uma citação num desses regabofes da vida.
Se até o momento ela esteve invisível aos organizadores destes
eventos e, as entidades culturais da cidade, homenageio esta querida figura com
o presente escrito, reconhecendo em seu trabalho cotidiano, uma das melhores
contribuições para o cenário cultural da cidade.
E a injustiça com Jeane Bezerril, pode ser estendida a tantos
outros, que em diversas áreas, fazem e acontecem, não recebendo, no entanto, os
louros advindos destas festas que anunciam os mais importantes e os melhores do
ano.
Assistimos através da mídia, a generosa distribuição de
comendas, medalhas, troféus a um monte de gente, principalmente políticos,
jornalistas e gestores, muitos dos quais, altamente mal avaliados pela
população no desempenho de suas funções, mas, para os eleitores dos merecedores
de homenagens, parece que o cargo vale mais que o mérito pessoal, tornando
patente e patético que em alguns casos, o elogio é uma espécie de moeda de
troca, como que numa mensagem cifrada onde se lê, toma de cá e me dá de lá.
Em todas as áreas circulam heróis esquecidos, batalhadores,
pessoas que realmente enobrecem uma profissão, uma atividade, um esporte, mas,
nem sempre ocupam as posições de relevo e, por isso e só por isso, não entram
nas listas dos melhores, passam a margem das escolhas, não ficando invisíveis,
ainda bem, aos olhares e avaliações daqueles que conseguem perceber no
cotidiano da vida, o verdadeiro valor daqueles que anonimamente trabalham de
fato, para o perfeito existir da área em que atuam.
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