Um momento é um
momento e outro momento é outro momento
A
vida de cada um de nós apresenta uma série de nuances que nos leva a reflexões
diferentes e interessantes. Como dirigente de uma organização não
governamental, mergulho em situações díspares, elevando meu astral quando os
eventos são positivos e, submergindo em ondas baixas, quando os fatos são
alienígenas a uma ética aceitável.
Passando
pela praia de Areia Preta, momentos atrás, lembrei-me de um acontecimento
envolvendo dirigentes de alto coturno de uma multinacional e funcionários
jovens e dinâmicos, todos congregados em torno da feitura de um equipamento que
seria entregue para usufruto da comunidade: um pequeno mirante.
A
energia que pairou naquele dia foi tão envolvente, que a cada segundo da
fantástica ação, as pessoas ficavam eletrizadas com o que estava ocorrendo.
Esse mágico momento foi enfeitiçando cada um dos presentes, ao ponto de nos
discursos, todos da empresa, tanto em nível de direção, como de obediência
hierárquica, prometerem solenemente uma série de outros benefícios, tornando o
sábado cada vez mais histórico e inesquecível.
E
assim o equipamento foi concluído, as fotos tiradas, as falas ouvidas e, os
abraços e olhares carinhosos selaram com a chave do bem, àquelas horas de
convivência fraterna e humanitária.
Esse
momento então passou e, os momentos seguintes, de espera dos novos bens
anunciados e prometidos no calor e no amor do momento relatado, foram se
mostrando diferentes, na medida em que as promessas não foram sendo cumpridas,
com toda a magia construída naquele dia, cedendo espaço para cobranças e
silêncios dolorosos do lado prometedor.
A
mente pensava então, como ser possível que dirigentes de uma empresa
mundialmente famosa, funcionários jovens e tão energizados, pudessem prometer
publicamente algumas coisas e, depois, simplesmente silenciarem, não
responderem e-mails, não retornarem ligações e não complementarem os elos que
foram construídos em momentos prazerosos e sérios?
A
realidade mostrou que um momento é um momento e outro momento é outro momento.
Essa mesma lamentável falta de compromisso com a energia do instante anunciador
é, pasmem, muito comum neste mundo em que estou gravitando.
Podemos
encontrar facilmente situações afins no mundo da política, com personagens
enfeitiçados pelas multidões eufóricas, prometendo mundos e fundos num momento
e, os escanteando em outros. A seara do amor também oferta promessas de
carinhos eternos nuns momentos e, desamor em outros.
E
nesta órbita de refletir sobre as coisas que circulam em nossa via láctea
mental, divido meus neurônios entre os bons pensamentos, reflexos das coisas
boas que acontecem e que nos tornam mais fortes e felizes e, essas situações
que nos animam a princípio, pois caso fossem reais, iriam beneficiar de maneira
maravilhosa várias pessoas, mas, que, infelizmente, são mentiras, falsidades,
conversas fiadas, embustes, farsas, fraudes, inverdades, lorotas, pabulagens e
trapaças, que tiram nossas energias do bem e, nos remetem temporariamente ao
submundo da descrença e da tristeza.
Apesar
destes ardilosos, embusteiros, impostores, fingidos, dissimulados, pilantras e
enganadores, sobrevivemos e renovamos cotidianamente nossa crença em um mundo
mais justo, humano e verdadeiro.
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