O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, voltou a
defender que os critérios adotados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para
julgar o processo do mensalão sejam adotados em outros casos de corrupção.
"Como por exemplo o mensalão tucano de Minas Gerais", afirmou na
manhã desta terça-feira, 15, em entrevista à Rádio Estadão.
Para
o prefeito petista, a decisão da Corte, que condenou 25 dos 37 envolvidos,
deve ser acatada, embora considere "natural" parte dos condenados
tentarem recorrer da decisão. Hadad pondera, no entanto, ser relevante
acompanhar como o STF vai se pronunciar sobre o escândalo tucano. "Há uma
dúvida se haverá o mesmo rigor com a matriz desse problema todo, que nasceu em
Minas Gerais. Apesar de o julgamento acontecer depois, o caso aconteceu antes,
cronologicamente falando", disse.
O mensalão
mineiro, ou tucano, tem como principal nome o deputado Eduardo Azeredo, réu no
Supremo por peculato e lavagem de dinheiro. O caso foi revelado durante a CPI
dos Correios, em 2005, mas só chegou ao Judiciário em 2007. À época, Azeredo
era presidente nacional do PSDB. A versão mineira envolve um suposto esquema de
desvio de dinheiro público para bancar a campanha de reeleição de Azeredo ao
governo de Minas Gerais, em 1998. O deputado afirma ter havido apenas um
“problema de prestação de contas” da campanha.
Na
avaliação de Haddad, o STF teria de aplicar as mesmas "teses
jurídicas" no processo tucano, ainda sem previsão para entrar na pauta de
julgamento. "Eu tenho expectativa de que o Supremo faça o mesmo
julgamento, que aplique as mesmas teses jurídicas - por mais controversas que
elas sejam - para não pairar dúvidas sobre a natureza técnica da decisão.
Porque, caso contrário, a sociedade vai se perguntar se vale uma regra pra um,
que não vale para outros."
O relator
do mensalão tucano era o ministro Joaquim Barbosa, que também relatou o
processo petista. Desde que Barbosa assumiu a presidência do STF, em novembro
de 2012, o processo está sem relator. A função deverá ser assumida pelo
ministro ainda a ser indicado pela presidente Dilma Rousseff, que preencherá a
vaga deixada por Carlos Ayres Britto. (Estado de S. Paulo)
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