Nos sete meses que antecederam o
assassinato do sindicalista Chico Mendes, há exatos 24 anos, o governo
monitorou a tensa situação na região de Xapuri, no Acre, onde ocorreu a
execução. O Serviço Nacional de Informações (SNI) classificava o líder seringueiro
como um dos responsáveis pelos conflitos agrários na região. Um dos documentos
pesquisados pelo Correio, por exemplo, narra os problemas ocorridos na Fazenda
Cachoeira, na fronteira com a Bolívia, cujo proprietário era Darli Alves da
Silva, mandante da execução do sindicalista.
Relatórios do SNI que fazem parte do
acervo do Arquivo Nacional revelam que, mesmo depois de morto, Francisco Alves
Mendes Filho — nome completo de Chico Mendes — representava uma preocupação
para as autoridades. O problema era a repercussão internacional do assassinato,
ocorrido em 22 de dezembro de 1988. O sindicalista, à época, era mais conhecido
fora do Brasil do que em seu próprio país. Um exemplo disso foi um relato do
SNI de 21 junho de 1988 — seis meses antes do crime —, revelando que o líder
seringueiro tinha a simpatia da igreja da Inglaterra, que inclusive mandou
alguns de seus integrantes visitá-lo em Xapuri, onde ele morreu. (Correio Braziliense)
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