O líder sem-terra José Rainha Júnior disse nesta sexta-feira, 16, que o
ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, pode ser assassinado na prisão, caso
venha a cumprir na cadeia parte da pena a que foi condenado pelo Supremo
Tribunal Federal (STF). "Dentro do presídio quem manda é o crime e ele, por
tudo o que representa, vai ser um alvo fácil." Condenado a 10 anos e dez
meses de prisão, além de multa de R$ 676 mil, por ter sido considerado o
"chefe" do esquema conhecido como mensalão, o ex-ministro terá de
cumprir pelo menos um ano e onze meses em regime fechado. Para o ministro do
STF Joaquim Barbosa, relator do processo, o réu deve ir para uma prisão comum.
O
líder sem-terra, que foi banido do Movimento dos Sem-Terra (MST) em 2007 e
formou seu próprio grupo, o MST da Base, acredita que isso equivale a condenar
o ex-ministro à pena de morte. "O Zé (Dirceu) é um lutador que sobreviveu
à ditadura militar, mas no nosso sistema carcerário, ele vai virar um troféu.
Conheço como funciona o sistema e vai ser muito difícil ele sair com vida."
José Rainha permaneceu nove meses na prisão, após ser preso, em junho do ano
passado, durante a Operação Desfalque da Polícia Federal, que investigava o
desvio de recursos da reforma agrária. Ele, que já havia sido preso
anteriormente por crimes relacionados à invasão de fazendas, passou por celas
de cadeias públicas e de penitenciárias estaduais.
Na última prisão,
quando se achava recolhido na Penitenciária de Presidente Venceslau, sua
família recebeu uma carta revelando um plano para assassiná-lo. Ele foi transferido
para São Paulo e incluído na lista de lideranças rurais ameaçadas de morte
elaborada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), ligada à Igreja Católica.
"Lá dentro não há qualquer garantia de segurança, você se vê sendo morto a
qualquer momento", disse. Amigo de José Dirceu há 30 anos, Rainha disse
que está preparando uma mobilização entre os sem-terra contra a sua prisão.
"Foi um julgamento injusto e o povo tem que ir para a rua", defendeu.
(Estado de S. Paulo)
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