quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Chico Vigário e a sua Farmácia Auta de Souza

O apelido de Vigário fez com que o Correios se atrapalhasse
e entregasse correspondências da família ao padre Chacon,
que era o vigário de Macaíba nos anos 40
Quando o assunto é farmácia em Macaíba, é impossível não associá-lo à figura de Chico Vigário, proprietário da extinta Farmácia Auta de Souza. Aos 88 anos de idade, viúvo, ele encontra-se aposentado e é evangélico da Assembleia de Deus há 33 anos.

Seu nome completo é Francisco Alexandre do Nascimento, nascido no dia 15 de janeiro de 1924, no município de José da Penha/RN (microrregião de Pau dos Ferros e mesorregião do Oeste Potiguar). É filho do agricultor Antônio José do Nascimento (conhecido como Vigário) e Maria Vicência do Nascimento (dona Neném).

O casal teve sete filhos, dos quais Chico é o mais velho. Os demais são: Altina, Maria Emília, Apolônia, Cota, Antônio e Alexandre. De todos, apenas Chico e Alexandre são vivos. Este último reside em Belém/PA. No tocante ao aprendizado das primeiras letras, o entrevistado confessa que nunca estudou. Apenas aprendeu a assinar seu nome.

APELIDO

Francisco Alexandre herdou o apelido de Chico Vigário do seu pai, que era conhecido por Antônio Vigário. Ele contou que, quanto ao episódio que tornou seu genitor conhecido por este cognome, foi devido “seu” Antônio José se encontrar bastante enfermo, ainda na sua juventude. Quando ninguém mais acreditava na sua recuperação, eis que surgiu uma pessoa e falou: “Esse aí não vai agora, não. Ele ainda será vigário”. E assim, após a sua recuperação, o apelido pegou em Antônio, que passou a ser chamado de Vigário, transmitindo a designação informal para seus filhos. “A gente ficou conhecido assim, depois disso”, disse.

O apelido, no entanto, provocou um pequeno constrangimento ao Correios de Macaíba. Logo da chegada da família do entrevistado na cidade, contas para pagamento, oriundas de Pau dos Ferros, vinham endereçadas a “seu” Antônio Vigário. Mas o carteiro sempre entregava por engano na Igreja Matriz, acreditando se tratar de Antônio de Melo Chacon (padre Chacon), vigário de Macaíba e adjacências, do final dos anos quarenta até à década de cinquenta.

MACAÍBA

A transferência de lugar, de José da Penha para Macaíba, ocorreu no ano de 1942, quando a cidade era administrada pelo Major Genésio Lopes da Silva (1941-1944). Chico Vigário tinha apenas 18 anos de idade. Seu tio, Manoel Porfírio do Nascimento, que morava em Natal, e por se encontrar mais estabilizado financeiramente, sugeriu que seria melhor que o irmão Antônio, juntamente com sua família, ficassem próximos dele, pois ficaria mais fácil de ajudá-lo.

Ele comunicou que pretendia comprar uma casa em Macaíba para que Antônio Vigário e sua família pudessem se instalar na terra de Augusto Severo, uma vez que não dispunham de recursos financeiros para a aquisição do imóvel. E assim foi feito. A casa de n.º 36, da Rua Dr. Pedro Matos (antiga Rua da Aliança), foi adquirida e passou a ser a primeira morada da família.

- Nesse tempo, não tinha nada em Macaíba. Só tinha um barco do velho (João) Lau. Ia de manhã e só vinha de tarde. Trazia mais mercadoria (de Natal) – complementou o farmacêutico aposentado.

Chico Vigário desde cedo já trabalhava na agricultura, ofício que exerceu por cerca de dez anos. Depois, mudou de profissão, ao se tornar comerciante, no final da década de 1940. Como feirante ambulante, negociava miudezas nas feiras de Macaíba, São Paulo do Potengi, São Pedro do Potengi, Baixa Verde (hoje, João Câmara) e outros.

Foi nessas suas andanças comerciais que conheceu Maria Aparecida Souza do Nascimento, no município de São Pedro. Em 1950, Chico tinha 26 anos quando decidiu que era hora de unir os laços matrimoniais com sua companheira e constituir uma família de cinco filhos – Carlos Roberto (Galego, in memoriam), Evânia Margarete, Nadja Nayara, Vera Lúcia e Ana Cláudia –, onze netos e quinze bisnetos. A união amorosa foi desfeita no dia 6 de janeiro de 2001, quando do falecimento de dona Maria Aparecida, após 51 anos de convivência.

FARMÁCIA

Voltando à sua vida profissional, Chico Vigário, após deixar de ser feirante, se tornou taxista por 12 anos, entre os anos de 1960 e início da década seguinte. Mas a carreira profissional que o deixaria bastante popular na cidade foi a de farmacêutico.

No ano de 1970, abriu a Farmácia Auta de Souza, localizada na antiga Rua João Pessoa (hoje, Rua Nair Mesquita). Adquiriu do seu compadre Paulo Holanda Paz. O antigo proprietário do estabelecimento teria lhe dito que, quando fosse se aposentar, venderia a farmácia para Chico Vigário pagar quando pudesse.

A Farmácia Auta de Souza era a segunda da cidade. O nome foi escolhido pelo próprio Chico Vigário, para homenagear a poetisa macaibense. “Quando eu fui abrir, vi aquele colégio com o nome dela e resolvi colocá-lo na farmácia”, revelou.

Após atender a população da cidade dia e noite por 40 anos, Chico Vigário resolveu que era hora de parar. A onda de insegurança que atormenta a cidade há alguns anos deve ter contribuído para isso. Afinal, o farmacêutico foi assaltado por duas ocasiões. Ao fechar a Farmácia Auta de Souza, em 2010, alugou o prédio para uma fábrica de bolos.

Dos seus filhos, apenas Evânia Margarete quis seguir a carreira de farmacêutico, ao abrir sua Drogaria Santa Cecília, localizada no Mini-Shopping Gama, desde 2002.

Atualmente morando com sua filha Vera Lúcia, Chico Vigário recebeu diversos títulos de Honra ao Mérito, anos atrás, por sua prestação de serviços a Macaíba.

Rômulo Estânrley – repórter

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